Boletim 17/2012 – 5 de julho
Alexandre Akashi
O carro elétrico está pronto, mas ainda falta o ser humano evoluir |
Não vou falar do carro elétrico. Este é um assunto que
ainda tem muito que evoluir, não tecnologicamente, pois essa parte está pronta,
mas, sim, a forma como o ser humano pensa em relação à economia, tecnologia e
bem estar (privado e social). Em poucas palavras, temos tecnologia para
promover o bem estar de todos os habitantes do planeta, mas somente tem direito
a isso aqueles que podem pagar. Enquanto a mentalidade for essa, temos muito o
que evoluir.
Mas, voltando ao tema desta coluna, o automóvel deve muito
à eletricidade. Primeiro porque sem ela não haveria motor ciclo Otto. A
gasolina, o etanol e o GNV não são como o diesel, que explode espontaneamente
sob pressão. Assim, todo automóvel de passeio no Brasil tem um circuito elétrico
responsável pela produção da faísca necessária para a combustão da mistura
ar-combustível. A ele, dá-se o nome de sistema de ignição.
Este é um sistema fascinante. No começo dos tempos, a
faísca era obtida por meio de dínamos que produziam eletricidade a partir da
rotação do motor. Não havia sistema de partida elétrica, era na base da
manivela, tal como as motocicletas de baixa cilindrada com o pedal
escamoteável. Partida à base de tranco.
Depois veio a bateria, ou como gostam de dizer os mais
cultos, acumuladores elétricos, que permitiram a instalação de um motor de
arranque e eliminou de vez a manivela de partida. Muito mais conforto,
principalmente em dias de chuva, certo?
E tem sido justamente em nome do conforto que os sistemas
alimentados à base de eletricidade tem aumentado nos automóveis. A mesma
bateria que há 30 anos tinha como funções alimentar as bobinas do sistema de
ignição, 15 ou 16 pequenas lâmpadas (faróis, lanternas e iluminação interna),
limpador de parabrisas, e eventualmente um rádio, hoje leva nas costas o
veículo inteiro, praticamente.
Eletricidade de automóvel era uma manha, mas muitos se
perdiam em meio a uma dúzia de fios. Hoje, essa dúzia se multiplicou por outra
dúzia (ou mais). Até mesmo nos carros mais simples há um emaranhado de fios,
fusíveis e relés, espalhados pelos quatro cantos do automóvel.
Um novo sistema surgiu, o de injeção, e ao invés de um
carburador, uma central eletrônica, que faz cálculos atrás de cálculos sempre
buscando ajustar o tempo de abertura dos bicos injetores para um melhor
rendimento do motor, de acordo com a programação pré-estipulada.
Vejam como o negócio ficou complicado! Antigamente, era
preciso apenas entender de apertar uns parafusos e saber operar uma lâmpada
estroboscópica e pronto! Colocava-se o carro no ponto. Isso, amigos, graças à
eletricidade.
Há 30 anos, direção hidráulica, vidros, travas e
retrovisores elétricos eram um luxo. Ar-condicionado, então! Hoje a direção começa
a ganhar dispositivos de assistência elétrica, e quem sabe em um futuro próximo
não seja como nos aviões, à base de fios ao invés de coluna em barra.
Tem eletricidade em tudo no automóvel moderno. Ajustes de
bancos e volante, freio de estacionamento, acelerador (que perdeu o cabo e
ganhou um potenciômetro), transmissão, tudo e mais um pouco, pois novos
componentes foram inventados para deixar o carro mais confortável e menos
poluidor.
Assim, é importante, mais do que tudo hoje, entender de
eletricidade automotiva. É preciso compreender que tudo está ligado à bateria e
que este componente é tão importante quanto o combustível para que o carro
moderno funcione.
Uma bateria em fim de vida, que não segura mais carga,
não consegue alimentar direito o sistema de injeção e a central eletrônica simplesmente
se perde nos cálculos. Sem eletricidade, o carro não anda, as portas não travam,
os vidros não fecham, e por ai vai.
Motor elétrico
Sabendo agora que a eletricidade está presente na
totalidade do automóvel, fica mais fácil visualizar o próximo passo. Uma lenda
urbana diz que no início do século 20, quando o automóvel começava a ser
cogitado como um meio de transporte em substituição ao cavalo, havia planos de
fazê-lo com motor elétrico, porém a ideia não vingou pois o motor elétrico não
tinha o mesmo som másculo do motor a combustão.
Fato é que desde aquela época, o automóvel elétrico é uma
possibilidade, assim a tecnologia existe e está pronta. E quando começar a
vender, será instantânea a substituição do carro com motor a combustão pelo
elétrico, a não ser que você seja um dos poucos que ainda ouve disco em vinil
ainda, e recusa-se a comprar um MP3 Player.
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