Projeto de 2007 da BMW de conexão em rede |
Boletim 19/2012 – 18 de julho
Alexandre Akashi
Como será o carro do futuro? Essa é uma questão que ouço
muito, desde que comecei a escrever sobre automóveis. Lembro de quando era
criança, em que muitos acreditavam que os carros iriam voar e seriam tais como
no desenho dos Jetsons. Ma isso não ocorreu. Carro é carro e asas são para avião.
Se o carro voar, deixa de ser carro e vira aeronave.
O modelo atual de automóvel não vai mudar tão cedo. Ainda
será um veículo de rodas (pode variar entre uma a centenas, mas ainda com rodas),
com suspensão, propulsor (a combustão interna ou elétrico; movido a gasolina,
diesel, etanol ou eletricidade, célula de combustível, ou ainda ambos), volante,
freios etc., e o principal: controlado por computador.
Logo os veículos serão autômatos e a interferência do ser
humano na condução será mínima. Isso em prol da segurança. O objetivo é acabar
com as mortes por acidente de trânsito. O que leva a questão do título deste
boletim: A oficina do futuro.
Atualmente, bilhões de dólares estão sendo gastos em
pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias, e muitas já estão prontas mas
ainda não ‘amadureceram’ para o mercado. É fascinante como conseguimos
desenvolver tecnologia com mais agilidade do que os nossos bolsos conseguem
comprar. Também pudera: quem ganha bilhões de dólares por ano para poder
adquirir tudo isso e equilibrar a balança dos gastos investidos?
Uma pena, pois o mundo seria muito melhor se isso não
fosse entrave. Mas voltando ao tema, o carro e a oficina do futuro já foram
projetados e existem de certa forma, se considerarmos que todas as inovações tecnológicas
chegam primeiro nos veículos premium, aqueles que a maioria das pessoas vêem nas
reportagens, televisão e quando muito, no Salão do Automóvel, que este ano
ocorre de 24 de outubro a 4 de novembro, aqui em São Paulo.
Nestes termos, em prol da segurança, a manutenção preventiva e preditiva do automóvel será fundamental. E vejam se a notícia que chegou semana passada divulgada pela BMW não dá dicas de como isso será feito: A partir de agora, a marca passa a disponibilizar aos clientes brasileiros o serviço chamado BMW Teleservices,
capaz de diagnosticar e informar à BMW sobre algumas necessidades de
assistência que os veículos possam apresentar, antes mesmo de demonstrar
qualquer sinal de advertência aos proprietários.
É o início do Big Brother Automotive Brasil (legal o nome, né?). Funciona assim:
o veículo identifica e transmite imediatamente a informação relativa ao tipo de
assistência necessária ao concessionário BMW por meio de uma chamada BMW
Teleservices. Ao receber o chamado, o consultor BMW verifica os serviços que
devem ser executados no veículo, verifica a disponibilidade das peças para a
execução e logo entra em contato com o cliente para efetuar o agendamento da
sua visita em uma concessionária mais próxima.
Mas como o carro liga pra concessionária? Simples: usa o
celular do cliente como o canal de transmissão de dados via conexão Bluetooth. Assim,
o sistema monitora ativamente todo o comportamento do carro baseado nas
condições de uso (serviço de troca de óleo, pastilhas de freio, manutenção
periódica expirada, controle e emissões, velas, microfiltro, A/C, etc.), além
das mensagens de avaria do veículo disponíveis no check-control.
VW Gol reestilizado lançado esta semana |
Se por um lado isso é novidade aqui, lá fora já existe
desde 2007. E uma hora essa tecnologia vai chegar no Gol e Voyage, que a
Volkswagen acaba de fazer um facelift e dar a mesma cada de Fox e Polo. Ai,
caros amigos leitores, pode aposentar o scanner, tal como você conhece hoje.
Mas Alexandre, e agora? Calma. Isso ainda está longe de
acontecer, e quando acontecer, haverá muito Gol, Voyage, Celta, Uno e outras ‘baratinhas’
para serem reparadas. O importante é começar a prestar atenção para o futuro,
pois 20 anos passam rápido demais. Apesar de ainda existir carburador, quem se
lembra de como ele funciona e para quê? (mas fica aqui uma dica: se por acaso a
inspeção ambiental veicular chegar à cidade, volte a estudar o tema, pois com
certeza aparecerão centenas de preciosidades na oficina).
Bom, fica claro que o processo de diagnose será
diferente. Atualmente, já é. Em muitos modelos 2011 e 2012, o scanner só lê as
informações básicas do carro. E, logo mais, nem isso será possível, a não ser
que você tenha uma senha de acesso. Como? Muito simples: o scanner será apenas
um aparelho intermediário, sendo que o importante mesmo é o programa que faz
tudo funcionar.
E esse programa vai estar lá nas nuvens, em um ambiente
invisível, chamado de cloud computing e, para ter acesso, só com autorização do
criador, ou seja, a montadora. Mas, e ai? Como fazer o correto diagnóstico, se
as ferramentas tecnológicas estarão todas nas mãos da montadora? Essa é a pergunta
de um bilhão de dólares.
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