Alexandre Akashi
Já faz alguns dias (mais exatamente 10 dias), publiquei
no nosso blog a nota Alerta
pirata em que a fabricante de filtros micronAir divulgou ter detectado a
presença irregular de produtos com a marca dela no mercado. Este é um mal que
precisa ser combatido.
Filtro da microAir pirata (abaixo) é bem diferente do verdadeiro |
Como de praxe, escrevi para a empresa, via assessoria de
imprensa, com alguns questionamentos. Logo depois que encaminhei minhas perguntas,
pensei: duvido que respondam. Mas, para minha surpresa, as respostas chegaram semana
passada.
Minha dúvida deriva-se do fato que, em 99% das vezes que
uma empresa detecta a presença de produtos piratas no mercado, raramente toma a
decisão acertada de denunciar o caso, não apenas para as autoridades, mas para
alertar a sociedade em geral, e dar mais explicações aos consumidores.
No mercado de autopeças, centenas de marcas dos mais
variados produtos são falsificados, principalmente rolamentos, retentores , pastilhas
de freio, caixas de direção, catalisadores, amortecedores, palhetas limpadoras
de vidros, filtros, velas de ignição, anéis de pistão e lâmpadas.
Filtros de cabine ainda eram novidade, até o último dia
22. De acordo com o responsável pelo aftermarket nacional da micronAir, Luciano
Ponzio, a identificação da peça pirata ocorreu por acaso. “Um cliente nos ligou
e informou que não encontrava um filtro com as mesmas medidas do que estava
instalado no seu veículo”, revelou Ponzio ao contar que durante a conversa,
percebeu que “não se tratava de um item do nosso portfólio de produtos e, desta
forma, solicitamos que este cliente nos enviasse a peça.”
Ponzio explica que por enquanto o problema foi
identificado nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, apenas para o Fiat
Palio, e que por enquanto estuda a melhor forma de ação para combatê-lo. “Este
é um tema muito delicado, pois o problema foi identificado por um usuário
final, que é uma vítima”, disse.
“Em nossa filosofia de trabalho, temos imenso respeito
pelos nossos clientes e, desta forma, não gostaríamos de submetê-los a nenhum
tipo de constrangimento com perguntas consideradas “investigativas” ou até
mesmo colocando-os em posição de fragilidade diante dos profissionais que o
atenderam na montagem do filtro, pois eles, muito provavelmente, também são
vítimas. Então, por enquanto, a melhor maneira que encontramos para enfrentar
este problema em todos os elos da cadeia é a difusão da informação tanto para
os profissionais do setor de reposição como para os consumidores finais.”,
comentou Ponzio.
Infelizmente, estamos sujeitos a esse tipo de ação. A micronAir
até agora tem acertado na fórmula, ao alertar o consumidor que a marca dela
está sendo utilizada de forma irregular por espertinhos que gostam de ganhar
dinheiro às custas do trabalho alheio. É importante informar que a
comercialização de produtos piratas é crime e quem aplica peça pirata pode ser
responsabilizado por eventuais acidentes que possam vir ocorrer, em decorrência
do uso de componente de má qualidade.
Em caso de suspeita de falsificação, existem organismos
que podem auxiliar reparadores e consumidores em geral, como o Grupo de Manutenção Automotiva
(GMA) e o Fórum Nacional
Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP).
Outra forma muito eficaz de combater a pirataria é por
meio da certificação de produtos, uma vez que ela obriga fabricantes e
importadores a submeter os componentes para análise de um organismo acreditado
pelo Inmetro. Recentemente, o GMA e o IQA - Instituto da Qualidade Automotivo, organismo
sem fins lucrativos que realiza este tipo de certificação, exclusivamente para
empresas do setor automotivo, divulgaram nota sobre a ampliação da certificação
de autopeças no Brasil (veja
nota publicada no blog).
Assim, diga não à pirataria. O assunto é antigo, mas deve
ser lembrado sempre, pois os prejuízos são muitos, para a grande maioria da
sociedade. A miconAir agiu acertadamente ao levar o fato aos consumidores que
agora podem ficar espertos e não comprar gato por lebre. As demais fabricantes,
sigam este exemplo, e batalhem para que a certificação compulsória também seja
uma necessidade para o seu produto. Esta é uma forma inteligente de premiar
quem investe em tecnologia.
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