Boletim 6/2012 – 17 de abril
Alexandre Akashi
Propulsor do Chevrolet Corvette em vista explodida |
Há algumas semanas reencontrei um velho amigo e tive uma
grata surpresa, pois sempre que converso com ele tenho oportunidade de ampliar
conhecimentos, que faço questão de dividir com vocês, caros leitores.
Entre as centenas de assuntos que discutimos, uma se
destacou: a evolução do setor de reparação automotiva, ordenada pela
tecnologia. Mas, engana-se quem pensa que falamos de sensores, atuadores,
módulos e demais dispositivos eletroeletrônicos, cada vez mais presentes nos veículos.
Debatemos sobre as transformações no ser humano diante deste negócio chamado
oficina.
Por mais de 50 anos, o automóvel foi uma máquina
exclusivamente mecânica, e a partir do momento que começamos a dominar a
energia elétrica, incluímos um sistema elétrico para produzir faísca, iluminar caminhos
e sinalizar intenções. Até este momento, carro era sinônimo de dor de cabeça,
muita dor de cabeça, pois quebrava com frequência e se desregulava sozinho.
Por ser considerado uma máquina complexa (e para a grande
maioria, ainda é) havia poucas pessoas que sabiam lidar com ele. E, para tanto,
era preciso ser técnico. Assim, mesmo com um volume de veículos bem menor nas
ruas, as oficinas eram repletas de automóveis para serem consertados. Havia fluxo
de caixa e o dono da oficina sorria de orelha a orelha, batia a mão no peito e
se chamava ‘mecânico’.
Vista explodida de um propulsor a jato |
Esse momento é lembrado com saudosismo por muitos
profissionais, pois não havia tempo ruim. Mas, novas tecnologias surgiram, e se
o carro antes tinha motor, hoje tem propulsor, termo que remete a foguetes e
aeronaves, mas hoje utilizado pela indústria automotiva com um motivo bastante
simples: valorizar o automóvel e sua tecnologia.
O que aconteceu? Ocorreu que a tecnologia encontrada em
um automóvel hoje pode ser equiparada a de uma nave espacial, resguardadas suas
proporções e utilizações, claro. Isso porque um propulsor a jato também dispõe de
todo um sistema de injeção eletrônica com sensores, atuadores e módulos que
gerenciam e controlam a queima de combustível. A tecnologia nasceu lá, na
aeronáutica e desceu para os carros.
A partir desse momento, o ser humano evoluiu e deixou de
operar máquinas para trabalhar com foguetes. Na oficina, porém, muitos ainda
são mecânicos, apesar de já trabalharem com foguetes. Mas, diferentemente
daquele mecânico de antigamente, que vivia com a oficina lotada de carros
quebrados para serem consertados, hoje garimpam pequenas migalhas, pois apesar
de os carros ainda quebrarem, isso não ocorre mais como antes.
Na evolução tecnológica, os automóveis ficaram mais
sofisticados e confiáveis. Afinal, um foguete não pode parar no meio do caminho
por causa de um giclê defeituoso, ou porque com a trepidação a mistura
ar-combustível ficou desregulada. Não há mais giclê e a mistura, agora, é
dosada automaticamente dependendo das leituras de entrada e saída de dados.
Esta é, portanto, uma questão de conscientização do
mecânico, que com a evolução, passou a ser chamado de reparador automotivo. Afinal,
depois da introdução da eletrônica, há pouco de mecânica para trabalhar no
automóvel. A mecânica não dá mais defeito, mas a eletrônica! Essa sim, ainda é
muito sensível.
A boa novidade é, ao mesmo tempo, a má. A eletrônica
automotiva evolui sem parar. O reparador automotivo precisa se preparar para
uma nova evolução, que já começou. Alguns já saíram na frente, abandonaram a
velha fórmula de tocar uma oficina e partiram para ações que refletem o perfil
de quem trabalha com foguetes.
Em outras palavras, deixaram de ser mecânicos-reparadores
e agora são Empresários de Manutenção Automotiva, e isso, caros amigos,
representa muito. No universo dos veículos automotivos, as tecnologias se misturam,
se confundem e tornam-se uma só, graças à eletrônica. Carros, motos, caminhões,
ônibus, barcos, aviões, foguetes, tudo que tem motor a combustão interna hoje é
alvo do empresário da manutenção.
Por isso, é preciso abrir a mente para novos horizontes, enxergar
as oportunidades que estão a sua frente e investir nestes novos mercados. Hoje,
com a disseminação da informação, a formação técnica é facilmente obtida. Novos
equipamentos surgem a cada instante, assim como ferramentas.
Evoluir é isso. Fazer o que sempre foi feito, porém de
forma diferente, melhor, com mais qualidade, assertividade e consciência. Não se
pode mais trabalhar um automóvel na oficina como antigamente, nem mesmo quando
se reforma carros antigos, pois não se produzem mais motores, e sim
propulsores.
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