Boletim 7/2012 – 24 de abril
Alexandre Akashi
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Novo Iveco Daily com motor Euro 5 |
Antes de iniciar a coluna desta semana, mato a
curiosidade de diversos leitores e revelo o nome do velho amigo que
reencontrei: Amil Cury, que dispensa apresentações e merece elogios às
contribuições que faz constantemente ao setor de reparação automotiva. Amil é
uma pessoa que enxerga anos à frente e por isso toda conversa que temos é sempre
um aprendizado.
E parte do que aprendo tento transmitir neste boletim
semanal, de tal forma a ampliar os horizontes dos técnicos, para que se tornem executivos,
Empresários de Manutenção Automotiva. Com os avanços da eletrônica, quem domina
os fundamentos dos motores a combustão interna tem grandes chances de ser bem
sucedido no diagnóstico de carros, motos, caminhões, ônibus e qualquer outro
veículo com motor a explosão.
Este mês de abril um tema recorrente chamou atenção,
principalmente com a boa notícia vinda da Iveco, com o lançamento do Daily Euro
5
(leia
aqui a matéria do lançamento do modelo). Veículos como o Daily (de 3,5 ton
a 7 ton de PBT) estão cada vez mais presentes nas ruas e a partir de agora,
todos terão de se adaptar a nova norma de emissões, com uso de sistema de
pós-tratamento de gases mais robusto e eficiente.
Juntamente ao Daily, outros virão, como a Mercedes-Benz
Sprinter, o Ford Transit, o Fiat Ducato, o Renault Master, o Peugeot Boxer, o
Citroën Jumper, e os demais veículos comerciais leves movidos a diesel, como
Hyundai HR e Kia Bongo. São veículos que não sofrem com restrições de área,
voltados a pequenos e micro empresários, que utilizam o carro como meio de
sustento e, portanto, não podem ficar parados. São quase como taxistas.
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Motor Euro 5 do Iveco Daily com válvula EGR |
Em comum, todos estes modelos utilizam motores diesel de baixa
cilindrada e alta rotação. Assim, tal como o Iveco Daily, os demais chegarão ao
mercado com novos motores Euro 5 e isso significa a introdução de uma nova
tecnologia em larga escala, o sistema EGR de pós-tratamento, com regeneração
dos gases de exaustão.
A tecnologia de regeneração dos gases não é exatamente
uma novidade, mas quando se fala de Euro 5, existem cuidados a serem tomados. O
primeiro é sempre abastecer com combustível de baixo teor de enxofre - o S50 -,
pois o excesso de enxofre pode explodir o motor.
Em conversa que tive durante a Automec Pesados com o engenheiro
Lauro Takabatake, gerente de Engenharia de Aplicações e Vendas OE da BorgWarner,
ele explicou que quando resfriados, os gases de exaustão com muito enxofre viram
ácido sulfúrico, o que corrói o motor. “Pode explodir mesmo”, disse.
A solução é simples, segundo Takabatake, porém cara, pois
para evitar a corrosão é só utilizar tratamento químico nos componentes do
motor com contato direto com estes gases. Em tempo, a BorgWarner é fornecedora
de sistemas EGR para as montadoras, além de turbos.
Assim, em um futuro próximo, nos veículos com motor Euro
5, em casos de corrosão do bloco do motor e demais componentes metálicos desconfie
do combustível utilizado, pois pode ser excesso de enxofre.
Mas, este será um extremo. Isso porque foram tomados
alguns cuidados para minimizar o aparecimento de casos assim. O principal foi a
adoção de um sistema de diagnose a bordo, o OBD (sigla para OnBoard Diagnosis) que
monitora constantemente o índice de emissões de gases e avisa a válvula EGR se
ela precisa fazer recircular mais ou menos gases.
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Esquema do sistema EGR (imagem reproduzida da apresentação do engenheiro Luso Ventura para o Seminário sobre Emissões de Veículos a Diesel, da Anfavea, em outubro de 2009) |
Esse monitoramento é feito por meio de sensores de temperatura
e NOx instalados no sistema de exaustão. As informações são transmitidas para
uma central eletrônica que determina a abertura ou fechamento da válvula EGR.
Assim, todo sistema depende da qualidade do combustível. O
engenheiro da FTP, Helton Lage, explicou, durante o lançamento da Daily, que
nos testes realizados com o motor F1C não houve problemas com o uso do Diesel S500,
normalmente encontrado nas bombas das regiões metropolitanas. “O que acontece é
a válvula ERG trabalhar mais tempo fechada, recirculando uma maior quantidade de
gases”, disse.
Porém, Lage não aconselha o uso frequente do S500, e
desaconselha totalmente o uso do S1800, diesel encontrado normalmente em
regiões mais afastadas.
Limites
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Fonte de dados para OBD (imagem reproduzida da apresentação do engenheiro Luso Ventura para o Seminário sobre Emissões de Veículos a Diesel, da Anfavea, em outubro de 2009)
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O OBD para veículos comerciais é uma novidade e vai
funcionar de forma similar ao que encontramos hoje nos automóveis de passeio,
porém o que é conhecido como sonda lambda, que faz análise do oxigênio, será substituído
por sensores de NOx e temperatura.
Nesta fase do Proconve, a P7 para caminhões com PBT acima
de 3,5 ton., os limites são: NOx = 2 g/kWh, CO = 1,5 g/kWh, HC = 0,46 g/kWh e
material particulado 0,02 g/ kWh, e opacidade de 0,5.
Normalmente, se o nível de NOx estiver acima de 3,5g/kWh, o
motorista será alertado por um sinal luminoso no painel, a famosa lâmpada MIL,
amarela, com o símbolo de um motor. Caso o nível de emissões de NOx exceda
7,0g/kWh, haverá limitador de torque, para que o carro perca potência e obrigue
o motorista a buscar uma oficina.
Este tipo de diagnose já é comum em oficinas de carros de
passeio, porém nem todas as oficinas diesel dispõem ainda desta cultura. Assim,
este é um novo mercado que se abre. Claro que todos têm ainda tempo para se
adaptar a esta nova tecnologia.
Os veículos Euro 5 começam a ser lançados agora, utilizam
um novo combustível, mais caro do que o convencional, e que muitos motoristas –
que também são os donos destes carros – acabam deixando de usar por causa do
preço. Porém, este é um caso de que a economia não vale a pena.
Penso que vale a pena investir neste mercado, pois os
modelos com PBT até 7 ton. precisam sempre de boa manutenção, pois quem os tem
não pode perder tempo com carro parado.