O motor EcoBoost 2.0l chega ao Brasil no Ford Fusion 2013 - 4 cilindros com 250 cv e 34,5 kgfm de torque |
Alexandre Akashi
O motor a combustão interna está com os dias contados. Acredito
que o mundo já podia ter se livrado deles, afinal temos tecnologia para fazer
veículos elétricos em série, mas isso ainda não é economicamente interessante. A
substituição da matriz energética será gradual.
Assim, penso que ainda teremos uns 7 mil dias de desenvolvimento
de motores Ciclo Otto e Diesel, e, depois, mais uns 3,5 mil dias até que grande
parte da frota seja substituída pela nova tecnologia, seja ela qual for.
Isso se até lá não desenvolverem um composto orgânico ou
sintético que cause o mesmo efeito do petróleo e que seja sustentável e mais
barato do que os atuais acumuladores de energia (baterias). Então, a verdade é
que durante um bom tempo ainda teremos motores Ciclo Otto e Ciclo Diesel nas
ruas.
Por isso estes motores estão evoluindo e a onda agora é tirar
mais potência e torque sem aumentar o tamanho, de preferência, diminuir. As
montadoras de origem européia saíram na frente, e logo todos os carros terão
injeção direta de combustível e turbo.
O brasileiro já ouviu falar em motor de injeção direta de
combustível e também de turbocompressor. Estão em carros de luxo, ainda caros
para a maioria dos consumidores, mas logo ganharão os modelos mais em conta. Isso
porque eficiência é o nome do jogo.
Atenta, a Ford anunciou que vai substituir o V6 3.0l de 243 cv e
30,8 kgfm (potência e torque) do Fusion por um quatro-cilindros 2.0l com
injeção direta e turbo de 250 cv e 34,5 kgfm, o primeiro da linha EcoBoost que
desembarca no Brasil.
Menor e 25 kg mais leve, porém com mais força e potência, o
EcoBoost 2.0l é todo de alumínio, e a maior novidade é o sistema de duplo
comando independente de válvulas variável, que permite uma lavagem mais
eficiente da câmara de combustão.
Pena que não será fabricado no Brasil. Os planos da Ford é que
no ano que vem, 90% dos veículos feitos lá tenham motores da família EcoBoost,
que conta também com um tri-cilíndrico de 1.0l, o quatro-cilindros de 1.6l, e
um V6 de 3.5l. Por aqui, em 2013, somente o Fusion. Pode ser que outros modelos
importados do México ganhem upgrade de motor, como o New Fiesta (neste caso o
1.0l, que rende 100 cv).
Mas, voltando ao 2.0l do Fusion que vem para o Brasil, trata-se
de um motor com injeção direta de combustível com pressão de trabalho de 2.200
psi, e turbo de baixa inércia BorgWarner K03, com intercooler para resfriamento
do ar.
O que torna possível extrair tanta potência de um conjunto
mecânico destes é a eletrônica, não tenha dúvidas. Assim, é válido pensar em
voltar a estudar. Começar a se preparar para uma nova fase da evolução dos
motores Ciclo Otto.
Já se fala em ECU de 128bits, com maior capacidade de
processamento, o que significa agilidade nos cálculos e melhor controle e
gerenciamento do motor. Mais sensores serão utilizados, uma vez que o número maior
de informações reflete positivamente na qualidade da queima do combustível.
Mais peças, mais chances de haver problemas, pois de certa
forma, um componente eletrônico com pequeno atraso de resposta pode prejudicar
todo o conjunto. E estes componentes, apesar de serem caros no mercado de
reposição, são produzidos aos milhões (o que aumenta as chances de aparecer um
com pequeno erro, quase imperceptível, mas que causa transtorno).
Volkswagen (Jetta, Tiguan e Passat), Chevrolet (Captiva, Malibu,
Omega e Camaro), Peugeot (308 CC, 3008, 408, 508 e RCZ), Citroën (DS3), Audi
(todos), BMW (todos), Mercedes-Benz (todos), Mini (todos) e Volvo (todos) são
algumas marcas que já utilizam a tecnologia da injeção direta nos motores e têm
pelo menos uma aplicação no Brasil.
Agora, com a entrada da Ford, a lista engorda e, em breve,
outras virão pois as leis ambientais assim exigirão. Pode ser que aqui sejam
mais brandas, mas a Ford já iniciou inclusive o desenvolvimento da tecnologia
para utilização com etanol. O resultado não deve demorar muito para sair.
E assim que isso ocorrer, haverá produção interna destes
motores. E quando isso começar pode dar adeus aos motores de injeção indireta,
pois quem ficar fora do jogo da eficiência, vai perder mercado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário