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Farol Alto

O carro e as nuvens

quarta-feira, 30 de maio de 2012


Boletim 12/2012 – 30 de maio

Alexandre Akashi

No futuro, todos os sistemas serão interligados e controlados eletronicamente
Já escrevi neste blog que os carros vão ganhar tanta tecnologia que não vai importar o quanto você sabe, mas o quanto vão deixar você fazer. Há uma invenção sensacional que nasceu nas pistas de corrida e não vai demorar muito para ganhar as ruas: a telemetria. Quem assiste corrida de Fórmula 1 ou até mesmo Stock Car na TV vê um pouco do que essa tal telemetria é capaz, quando o locutor nos convida a dar uma volta dentro do carro do piloto.

Não é a emissora de TV que permite isso, mas, sim, as equipes. É mágico! E é assim que vai ser a oficina do futuro e para muitos vai restar apenas o trabalho de soltar e apertar parafusos para trocar somente algumas peças de desgaste natural.

Somente algumas, pois tem peças que só com scanner, como as pastilhas de freios dos carros mais modernos que precisam do equipamento de diagnose para soltar os pistões. A tecnologia vai proporcionar o aprimoramento de muitas oficinas e o desaparecimento de outras tantas. O futuro não é incerto, há centenas de milhares de engenheiros trabalhando no desenvolvimento de carros que rodarão no Brasil nos próximos 10 anos.

É este futuro que quero trazer a todos, para que se preparem, e não sejam pegos de surpresa. O motor a combustão interna ainda tem longa vida pela frente, vai ficar cada vez menor e com mais potência, graças a sistemas de controle de combustão mais apurados, refinados e sensíveis.

Ao mesmo tempo, os veículos híbridos e elétricos vão conquistar cada vez mais espaço e, se resolverem de uma vez por todas o problema de matéria-prima para fabricação de baterias, pois grande parte das reservas de lítio encontra-se na Bolívia, de Evo Morales, e ninguém em sã consciência quer ficar a mercê dele, e nem de nenhum outro ‘Oriente Médio’.

Foi este o recado deixado pelo mundo quando o ex-presidente Lula saiu pelos quatro cantos do planeta para vender o etanol de cana-de-açúcar, e recebeu diversos e simpáticos NÃOS. Simpáticos pois nenhum político iria maltratar o presidente de uma das nações mais prósperas do momento.  

Mas, voltando ao assunto, a tecnologia dos carros do futuro já existe, está pronta, mas ainda é cara, principalmente para os padrões brasileiros, que tem a péssima cultura de valorizar demais os produtos e desmerecer a mão-de-obra. Pode ser que quando o produto não deixar mais qualquer um por as mãos nele, este quadro se inverta. Até torço por isso e sei que este dia está cada vez mais próximo.

Até mesmo os mecânicos das concessionárias são barrados. Já há casos de modelos que permitem o acesso do scanner da montadora até determinado ponto. A partir daí, somente com login e senha, via internet, para acessar um banco de dados remoto, controlado pela montadora, muito provavelmente fora do Brasil. Uma coisa chamada computação em nuvem (Cloud computing, em inglês).

Isso tudo porque o que antes era somente mecânico, agora é controlado eletronicamente, pois é muito mais barato substituir um relé ou um microchip, do que fazer uma retífica de motor. Isso lá fora, onde a mão-de-obra custa mais caro do que um microchip, claro. Aqui, ainda é o oposto.

Entender de automóveis em um futuro próximo vai ser mais complexo, apesar de os princípios básicos permanecerem os mesmos e é nisso que os reparadores precisam prestar muita atenção. Os controladores eletrônicos chegaram para proteger as partes mecânicas, evitar que elas quebrem. Assim, qualquer sinal de anomalia no sistema, a eletrônica vai acusar e tomar medidas de segurança para evitar o pior.

No motor, o pior é ele fundir. Tanto que hoje em dia vemos poucos casos de motor fundido, principalmente nos modelos mais novos, com sistema de injeção eletrônica e dezenas de sensores e atuadores. Com a eletrônica, isso é fácil de evitar, pois se a bomba de óleo parar de funcionar e deixar de lubrificar os pistões, basta um sensor de temperatura acusar uma anomalia no sistema e pronto: o computador manda os bicos pararem de injetar gasolina.

O problema é nos bicos ou no módulo? Não. É no sistema de arrefecimento? Pode ser, pois foi o aumento de temperatura que provocou a parada do carro, mas o que causou o aumento de temperatura? Assim, o reparador precisa ser hoje um detetive e quanto mais eletrônica no carro, mais perguntas precisa fazer e mais respostas conhecer.

Mesmo com os melhores equipamentos de diagnose em mãos, você tem apenas dicas do que pode estar errado. Isso porque hoje os sistemas permitem a leitura dos sensores e atuadores, codificados pela ECU, mas um dia isso pode mudar, como já vem mudando. E ai, como será feito o diagnóstico?

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