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Farol Alto

Vistoria eletrônica em xeque

quarta-feira, 28 de março de 2012

O presidente do Sindirepa-SP, Antonio Fiola,
luta pra que a mão de obra das oficinas seja
melhor remunerada pelas seguradoras
Criado para agilizar processo, a vistoria eletrônica de carros sinistrados pode estar com os dias contados. De acordo com o presidente do Sindirepa-SP (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado), Antonio Fiola, o problema é a falta de reconhecimento que as seguradoras dão ao sistema.

“O problema que as oficinas enfrentam é o alto custo para manter essa operação que, sem dúvida, revolucionou todo o procedimento de vistoria. O ideal seria que as seguradoras fizessem uma reavaliação e remunerassem as oficinas por esse serviço, o que não acontece hoje”, afirma Fiola.  

A história é a seguinte: antigamente, quando o carro batido ia para a oficina, a seguradora enviava um profissional para vistoriar e liberar o serviço. Esse trabalho gerava custo e demandava tempo para a seguradora. Hoje, com a vistoria eletrônica, o ônus é todo da oficina, que produz imagens do carro, monta o orçamento e envia todos os dados via software para a seguradora, que analisa e libera o serviço.

“Atualmente, o valor da hora da mão de obra por carro está entre R$ 20,00 e R$ 50,00. Algumas seguradoras não reajustam a remuneração há cinco anos e que, para manter o sistema de software, o dono da oficina desembolsa aproximadamente R$ 1.000,00 por mês, além do salário do orçamentista que gira em torno de R$ 3 mil a R$ 4 mil, fora encargos”, revela Fiola.

O presidente do Sindirepa-SP conta que a entidade tem buscado as seguradoras nos últimos dois anos para tentar reajustar o valor da hora da mão de obra por carro pago pelas companhias às oficinas. “Como não houve acordo para garantir o reajuste da remuneração, fica inviável para as empresas de reparação arcarem com as despesas de manutenção do software e do profissional especializado para executar o serviço. Temos um custo mensal altíssimo para manter esse serviço que facilita muito as operações e o processo de liberação pela seguradora dos veículos sinistrados”, explica Fiola.

Assim, a partir de abril, as oficinas de funilaria e pintura que realizam o serviço de vistoria eletrônica pretendem suspender esse trabalho, o que aumentará em três dias o tempo da permanência do veículo nas oficinas. Atualmente, veículos sinistrados ficam, em média, 10 dias para que o reparo seja feito.


No Brasil, estima-se que existem duas mil oficinas com esse programa e a suspensão terá inicio no Estado de São Paulo, mas poderá ser estendida para outras regiões.  “A insatisfação do empresário que atua no segmento de funilaria e pintura é geral e essa questão já tem sido amplamente discutida com os Sindirepas de outras regiões”, afirma Fiola.

O presidente da entidade revela que a área de colisão da reparação vem sofrendo achatamento e perda de rentabilidade ao longo dos anos e compara a relação entre as oficinas e as seguradoras com a dos médicos e planos de saúde. “Ficamos de mão atadas sem saber o que fazer e não queremos prejudicar o consumidor até porque dependemos  dele para manter o nosso negócio”,  enfatiza.

Hoje, 80% do faturamento das mais de 600 oficinas de funilarias e pintura do Estado de São Paulo que possuem o sistema de vistoria eletrônica advêm dos serviços executados por veículos com seguro.

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