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Farol Alto

Lição de cidadania

terça-feira, 13 de março de 2012


Primeiramente, feliz ano novo para todos. Um pouco atrasado, mas como tudo começa somente depois do Carnaval (uma grande história para boi dormir, mas, enfim...), após merecidas férias, estamos de volta, e com boas notícias....

Vamos, então, sem rodeios, contar o que de bom acontece em reparação automotiva. Antes, porém, uma pergunta: você sofre com problema de falta de mão-de-obra qualificada? Precisa de bons mecânicos e não encontra? Seus problemas ainda não acabaram, mas há esperança.

Pôxa, Alexandre, você não disse que tinha boas notícias? Tenho. Não se faz bons mecânicos da noite para o dia, isso é impossível. Não há mágica. Mas há trabalho. Um bom trabalho de base é fundamental para formar bons profissionais.

Ontem, segunda-feira, dia 12, estive no Senai Ipiranga, em São Paulo, a convite da Carbwel, distribuidora de autopeças localizada na Vila Nova Cachoeirinha, zona Norte da cidade. Há tempos, o pessoal da loja tem escutado dos clientes, donos de oficinas, que está difícil encontrar mão-de-obra de qualidade.

Certo dia, um encontro com o agente de treinamento do Senai Ipiranga, Valdir de Jesus, mostrou que era possível aliar a fome com a vontade de comer, e começou uma história que vale muito a pena contar. Valdir é um dos responsáveis em preencher as vagas de bolsa de estudos que o Senai oferece na unidade do Ipiranga. Em 2011, foram mais de 1.200 vagas abertas para os cursos de formação continuada, que transforma jovens adolescentes em aprendizes de mecânica automotiva.

Ocorre que Valdir é um cidadão consciente e não tem interesse simplesmente de preencher as vagas e pronto. Anualmente, faz o acompanhamento das turmas que recebem bolsa de estudos, para saber como está o desenvolvimento do aluno, em relação ao acompanhamento das aulas. Assim, busca minimizar o número de desistentes, pois quando ocorre uma desistência, não é somente o aluno quem perde, o Senai perde e a sociedade como um todo também perde.

O encontro entre Carbwel e Valdir foi um ato esperado por dois longos anos pela Carbwel, que tinha um belo projeto mas não sabia como colocá-lo em prática. Valdir  as suas dificuldades e a Carbwel apresentou sua proposta, de ajudar os clientes a encontrar mão-de-obra de qualidade. A partir desse momento, começaram a nascer jovens aprendizes, duas turmas de 16 alunos cada, uma no período da manhã e outra à tarde.

A Carbwel foi atrás de 32 jovens, com 7ª série concluída, interessados em aprender sobre Motores Automotivos, em curso no Senai Ipiranga. Conversou com os proprietários das oficinas clientes, que reclamam de falta de mão-de-obra, e disse a eles que havia uma oportunidade de começar a formar novos profissionais. As oficinas passaram a indicar nomes e assim a Carbwel juntou um grupo de 32 adolescentes e os levou para o Senai.

Valdir conta que o índice de desistência nos cursos de bolsa oferecidos fica em média superior a 10% dos inscritos. Muitos desistem no meio do caminho porque falta-lhes condições mínimas para se manter em um curso, como dinheiro para transporte e muitas vezes também para alimentação.

É certo, são cursos de meio período, mas um aluno que precisa chegar às 7h na escola e toma três a quarto conduções, acorda no mínimo às 5h, e só almoça, quando almoça, às 14h, quando chega em casa. Nesse meio tempo precisa tomar um lanche, ao menos.

A boa notícia para todos é que o modelo encontrado pela dupla Carbwel e Valdir resultou na desistência de apenas um aluno, que no meio do curso recebeu uma proposta irrecusável de emprego. Outra excelente notícia, principalmente para quem precisa de um emprego. E, se estava fazendo um curso de Mecânica Automotiva, era porque tinha interesse em aprender um ofício.

Um dos segredos do sucesso desta ação, e talvez a melhor parte da notícia, é que estes 32 jovens recebem mensalmente uma ajuda de custo da Carbwel, que sem pedir nada em troca paga o transporte de ida e volta dos alunos, semanalmente, para que todos possam assistir as aulas, sem se preocuparem com o dinheiro da condução.

Pode parecer pouco, mas para os 32 jovens, não é. Pode parecer muito, mas para a Carbwel, é uma satisfação. Uma ação de responsabilidade social, e também de sobrevivência, pois logo estes jovens estarão no mercado de trabalho, nas oficinas, e quem sabe não se tornarão os donos de seus próprios negócios? E de quem eles serão cliente?

Além, claro da fidelização dos que já são clientes, os amigos das oficinas que ele convidou a indicar os jovens. Em conversa com alguns dos alunos, uma resposta chamou atenção: “Já havia tentado a bolsa antes, mas não consegui. Quando me disseram que havia essa oportunidade, não pensei das vezes”, disse um deles.

O sucesso desta turma foi tão grande, que o interesse deles pelo aprendizado está indo além: no final do mês terminam este curso e já emendam outro, em abril, de Injeção Eletrônica, nos mesmos moldes de bolsa de estudos, oferecido pelo Senai.

A Carbwel foi, assim, uma catalisadora. Reuniu pessoas com interesses em comum e fez acontecer. Há mais oportunidades assim, pois Valdir tem mais vagas para preencher. A Carbwel já se prontificou a repetir a dose, e busca parcerias para aumentar o número de jovens. Alguém mais se habilita?


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