Boletim 10/2011 – 31 de outubro
Alexandre Akashi
O que é capacitação? No título acima, afirmo que é o
segredo para o sucesso. E é isso mesmo. Mas, como todo segredo, precisa ser
desvendado. Assim, pergunto novamente: o que é capacitação?
Pergunto pois existem diferentes tipos de capacitação. Há
aquela em que se aprende a apertar parafusos e outra, mais ampla, em que se
aprende por que o parafuso deve ser apertado. Há quem se contenta em aprender
apenas o necessário, mas o segredo está em conhecer os motivos, as causas de um
determinado assunto.
Muitos reparadores automotivos se esquecem disso, e na
correria do dia a dia se contentam apenas a remediar e deixam de lado a parte
mais interessante do negócio: o diagnóstico. Saber avaliar um problema a partir
dos sintomas é essencial para receitar uma solução.
É como sentir uma dor estranha e procurar um médico ou
uma farmácia. O bom médico vai ouvir a reclamação, examinar o paciente, pedir
exames laboratoriais e depois receitar um remédio. Na farmácia, se o
farmacêutico for responsável, vai mandar o cliente para um médico. Se não for,
sugere uma aspirina e pronto. Pode ser que resolva, mas pode ser que piore
também.
Claro que quando o sintoma é conhecido, a solução é mais
fácil de encontrar. Mas e quando não é? Trocar pastilhas de freio quando estão
desgastadas é tarefa rotineira. Aprende-se uma vez e pronto. Mas, quando
sugerir trocar as velas de ignição? Que tipo de diagnóstico podemos fazer a
partir de uma análise visual das velas?
Com os pneus ocorre o mesmo. A partir do desgaste da
banda de rodagem é possível saber se há algum problema de suspensão ou no
alinhamento e balanceamento dos pneus. Trocá-los é somente uma parte da
resolução do problema do cliente.
Quando o problema é no motor, as variáveis para o
problema se multiplicam e é justamente ai que a porca entorta o rabo. Como
diagnosticar corretamente um defeito no motor? Não adianta ter scanner de
última geração, nem equipamentos computadorizados que conseguem ler até o
sensor mais novo do mercado, se não souber o principal: como funciona o motor.
Depois de aprender isso, até com um vacuômetro é possível
fazer boa parte dos diagnósticos. Outra boa parte se faz com um voltímetro
simples, de preferência analógico. Isso porque apesar de toda tecnologia que as
montadoras colocam nos carros, eles ainda funcionam à base da explosão, a
partir de uma centelha que é acesa em determinado ponto.
Depois de saber como os sistemas automotivos funcionam,
diagnosticar os defeitos fica mais fácil. Claro que em algumas situações, a
quantidade de problemas acumulados é tanta que não há uma única e simples
solução.
Já soube de casos de problemas na bomba d’água que depois
de trocada foi feita uma limpeza no sistema de arrefecimento, e ai se descobriu
que um grão de areia tampava um furo no radiador. O cliente não gostou, mas teve
de trocar o componente também. Sorte ou azar? Depende do ponto de vista, mas
com certeza, um dia, mais cedo ou mais tarde, aquele radiador iria vazar e
deixar o proprietário parado na rua.
Assim, é preciso conhecer bem o funcionamento do conjunto
e saber avaliar a condição do atual estado do veículo para fazer um bom
diagnóstico. Isso é estar bem capacitado. O resto, é apertar parafusos.
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