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Farol Alto

O valor do reparador e da mão de obra de qualidade

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Boletim 3/2011 – 14 de setembro de 2011

Alexandre Akashi

Já faz tempo tenho percebido que trabalhar com aftermarket automotivo é algo considerado de menor importância, principalmente por aqueles que atuam no setor de consumo direto, que neste caso é o cliente de carro zero km.

Fazem de tudo para que o assunto manutenção seja posto de lado, como algo a ser evitado; afinal, o que precisa de manutenção não deve ser muito bom, não é mesmo? Porque se fosse bom, não precisaria de manutenção; funcionaria para sempre, direito, sem precisar revisão, troca de peça, reaperto de parafuso, lubrificação etc., ainda que seja feito de componentes que sofrem desgaste natural.

Assim este pré-conceito está aculturado na nossa sociedade e sempre que o carro quebra e precisa de cuidados profissionais, a primeira frase ouvida na oficina é uma reclamação, uma indignação, uma frustração. “Pensei que era bom, mas quebrou e agora vou ter de gastar para consertar”.

As palavras “gastar para consertar” soam ainda mais negativas porque o dono do carro tinha a convicção de que ele possuía um bem extremamente durável e que era praticamente inquebrável quando foi adquirido, mesmo que ele usasse sem parar. Foi essa a promessa do comercial da TV, que dizia mais ainda: compre este e fique bonito na foto com as mulheres, os amigos, e aproveite para matar os vizinhos de inveja.

Em resumo, existe uma indústria que faz de tudo para reduzir a importância do trabalho da assistência técnica, apesar de os produtos deles não serem infalíveis, muito pelo contrário, falham mais do que imaginam, e de forma que não conseguem controlar.

Ao mesmo tempo, acompanho movimentos como o presenciado na tarde de ontem, durante o Seminário da Reposição Automotiva, organizado e realizado pelo Grupo Photon, em que os principais executivos do aftermarket automotivo se reúnem para dizer o quanto o setor está evoluído e cheio de valor.

Fato é que a cadeia produtiva do aftermarket é blindada às crises econômicas enquanto houver carros para serem reparados e, mesmo quando é mais barato trocar o carro velho por um novo ao invés de fazer manutenção no antigo, o setor cresce justamente por conta do aumento da frota.

O evento de ontem contou, como sempre, com a participação de representantes de sindicatos associações, como Sindirepa-SP, Sincopeças, Andap, Sindipeças e GMA (Grupo de Manutenção Preventiva), que juntos tentam buscar uma solução para que o setor deixe de ser considerado “um mal necessário”.

Algumas ações têm sido realizadas, e o Inmetro foi protagonista em uma delas, quando passou a exigir certificação para produtos como amortecedores, bombas de combustível, buzinas, pistões de liga leve de alumínio, pinos e anéis de trava (retenção), anéis de pistão, bronzinas e lâmpadas na portaria nº 301 de 21/07/2011. É certo que ainda demora um pouco para entrar em vigor, mas este foi o primeiro passo. Somado com os demais itens que já possuem certificação compulsória (obrigatória), como pneus, rodas e vidros, a abrangência da necessidade de certificação será de cerca de 70% dos produtos de maior consumo no aftermarket automotivo.

Isso é bom para cliente da oficina, pois terá a certeza de que o carro será consertado com peças de qualidade. Mas e quanto à mão de obra? Já faz tempo que o mecânico de automóvel se reciclou e se tornou um especialista em resolver problemas difíceis, pois quanto mais tecnologia o carro apresenta, mais estudo exige do profissional.

No seminário, o Senai apresentou as bases da modalidade de certificação de pessoas, no caso profissionais de reparação automotiva. Um diploma que garante a qualidade da mão de obra, tal como já ocorreu no passado com a certificação ASE, baseada em regras norte-americanas.

Assim, com tantos esforços, por que a profissão de reparar automóveis é jogada para um plano inferior? No seminário, os representantes dos sindicatos deixaram claro que mais de 70% da frota de 32 milhões de veículos circulantes nas vias brasileiras está sob responsabilidade dos mecânicos não vinculados às montadoras.

E, se quem fabrica carros não valoriza o profissional que mantém o próprio produto em funcionamento, satisfazendo as necessidades dos seus donos, supostamente clientes daquela marca, para que insistir e querer reconhecimento? É como o filho abandonado que quer encontrar o pai a qualquer custo. Depois que encontra, descobre que era mais feliz na ignorância...

Existe, sim, a necessidade de informação técnica e disponibilidade de peças para realizar um serviço de qualidade. Quem deveria oferecer isso não enxerga o grande negócio que existe por trás da reparação automotiva e deixa de explorar uma fonte de renda muito maior do que a própria venda do veículo.

Mas um dia isso muda e cabe ao setor como um todo começar este movimento, que deve ser iniciado pelo maior entendimento das necessidades do cliente, na base da cadeia: o cliente do reparador. Ele é o alvo, é a ele que toda a cadeia deve servir. Com bons produtos, certificados, com qualidade garantida, mão de obra qualificada e preço justo, que o faça acreditar que vale mais a pena manter o usado do que comprar um novo. Ai sim a montadora vai enxergar o aftermarket com outros olhos.

Boas novas
Palhetas - Os motoristas somente se lembram das palhetas quando começa a temporada de chuva, mas a fabricante Bosch recomenda atenção nos meses de estiagem, e substituir o componente pelo menos uma vez ao ano, antes das chuvas. “É no período de seca que o equipamento merece receber uma atenção especial, pois o tempo seco, em conjunto com a maior incidência de raios UV presentes na atmosfera, afeta a composição da borracha diminuindo a vida útil deste componente, informa.

Ranking - Em julho, o Brasil manteve a quarta posição no ranking mundial de vendas de veículos automotivos, de acordo com a Jato Dynamics, empresa que realiza mensalmente a medição do comportamento comercial da indústria automotiva. O crescimento naquele mês foi de 0,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior. As primeiras posições foram ocupadas por EUA, China e Japão. Na quinta e sexta colocações estão Alemanha e Rússia.

Reposição Renault - Tal como fez com outros veículos da marca, a Renault reduziu os preços dos componentes de manutenção e reparação do Kangoo Express. Entre as peças de desgaste natural, destaque para o par de discos de freios, que caiu mais de 60%, de R$ 306,10 para R$ 109,76, a correia do motor (-58%) caiu de R$ 87 para R$ 37, o elemento de filtro do ar (quase - 50%) de R$ 55,56 para R$ 29,04, e o jogo de lonas traseiro (-52%) de R$ 379,96 para R$ 182,93. O reposicionamento de preços contemplou também o alternador (-12%) de R$ 714 para R$ 628, espelho retrovisor externo (- 9%) de R$ 214,56 para R$ 195,12, e para-choque traseiro (- 56%) de R$ 633,88 para R$ 280,49.

Anfavea - As vendas e produção de veículos zero km continuam em alta, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Em agosto, foram produzidos 325,3 mil unidades, aumento de 5,9% em relação a julho e 5,5% em relação a agosto de 2010, quando foram produzidos respectivamente 307,2 mil e 308,3 mil veículos. Já no acumulado do ano (janeiro-agosto), o crescimento é de 4,4%. No total foram produzidos 2,34 milhões de unidades em 2011 contra 2,24 milhões no mesmo período de 2010.

Já as vendas apresentaram crescimento de 6,9% em relação a julho, com 327,4 mil unidades comercializadas em agosto, ante 306,2 mil, em julho. Em relação ao ano anterior, quando foram licenciados 312,8 mil veículos, o crescimento foi de 4,7%. No acumulado do ano, o incremento é de 8%. Em 2011 foram 2,37 milhões de unidades ante 2,19 milhões de 2010.

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