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Farol Alto

Um mar de peças

segunda-feira, 28 de novembro de 2011


Boletim 13/2011 – 28 de novembro

Alexandre Akashi

Na semana que passou, recebi um informativo que chamou muito minha atenção. Produzido pela jornalista Majô Gonçalves, da Verso Comunicação e Assessoria de Imprensa, para a Distribuidora Automotiva, abordava a necessidade de o balconista do varejo de autopeças se atualizar constantemente por conta da imensa variedade de modelos e marcas de veículos existentes em circulação.

O gancho para isso foi o Dia do Balconista de Autopeças, comemorado no dia 26 de novembro. Parabéns a todos estes profissionais. Mas o que chamou atenção foi a enorme quantidade modelos de veículos que existem nas ruas. Mais de 400! Este é um número impressionante. Há vinte anos, na década de 1990, tínhamos apenas quatro marcas de veículos: Chevrolet, Fiat, Ford e Volkswagen. Hoje, são mais de 30!

Além destas quatro, chegaram as francesas Renault, Peugeot e Citroën, as japonesas Honda, Toyota, Mitsubishi e Nissan além das marcas que são importadas oficialmente como Audi, Mercedes-Benz, Volvo, BMW, Porsche, Ferrari, Land Rover, Dodge, Chrysler, Jeep, smart, Mini, Subaru e Suzuki. Até aqui, são 24 marcas.

Tem ainda a Troller e a TAC, que vendem pouco, mas vendem. E, agora, vem as coreanas Kia, Hyundai e Ssangyoung, e as chinesas Chery, Jac, Lifan, Hafei e Effa, sem esquecer, claro da indiana Mahindra. São nada menos do que 35 marcas.

Se vender peças para essa quantidade enorme de marcas é complicado, imaginem reparar. Isso porque muitas destas marcas não têm volume suficiente para o mercado de peças independente, pois quem é insano o bastante para manter em estoque um componente de R$ 100 de um carro que vendeu 500 unidades em um ano? O varejo vive de vender peças.

No comunicado, a Distribuidora Automotiva informa que trabalha com mais de 60 mil itens para atender ao varejo em todo País, que somam 38.500 lojas. É um mar de peças, e mesmo assim não abrange todo o mercado. Porém, para conhecer a fundo todos estes itens e sua aplicabilidade é praticamente impossível.

Faço aqui um comparativo com os médicos. Os laboratórios investem fortunas no desenvolvimento de novos medicamentos e qual é a forma mais eficiente de divulgar o novo remédio? Junto aos médicos. Diariamente, um batalhão de promotores da indústria farmacêutica invade consultórios para explicar aos médicos as vantagens e benefícios para o paciente do novo medicamento, e deixa ali um monte de amostras grátis.

E, nas farmácias, que são os pontos de venda de varejo, enchem o estabelecimento com propagandas e campanhas promocionais, além de bonificar os vendedores que mais vendem os seus produtos. O balconista nem sempre sabe o que está vendendo, mas tem em mãos uma receita de um profissional. A venda de remédio sem receita é uma prática, mas dependendo do medicamento, é necessário deixar cópia da receita, que ganha um carimbo fica inutilizada, uma vez que já foi usada.

No nosso setor, não é preciso chegar a este nível de complexidade. Não são raros os balconistas que entendem de mecânica e eletricidade automotiva, muitos conhecem carros e como eles funcionam, mas precisam de mais consciência quando o assunto é qualidade do componente.  

Nem todas as peças são iguais e, mesmo as que parecem iguais, não servem para o mesmo carro. Um exemplo é o sistema de suspensão. Há modelos idênticos mas com versões diferentes que levam os mesmos componentes, mas com regulagem diferente. E, por conta disso, ganham um número de peça (o part number) diferente. Assim, é possível instalar no carro mas o resultado é diferente.

Além disso, frequentemente, as montadoras efetuam atualizações de regulagem no sistema de suspensão e no meio da produção incorporam o novo componente. Como não é algo que afeta a segurança do carro, não chamam para recall. Assim, conhecer a peça certa a ser aplicada é tarefa de especialista.

As fabricantes de autopeças têm feito um trabalho interessante junto às oficinas, mas é preciso intensificar isso. Ainda existe bastante dúvida de aplicação entre os reparadores, e muitas vezes isso ocorre porque o número de modelos é muito grande. Os catálogos são grandes aliados, mas não bastam.

Há boa oferta de treinamentos, e isso é excelente. O setor de distribuição também deve olhar com carinho este trabalho, e ser uma força a mais para as fabricantes de autopeças no treinamento dos reparadores, que assim como um médico, quanto mais informação tiver sobre o produto, mais ele utilizará e também recomendará ao cliente. 

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