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Farol Alto

Questão de economia

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Recapagem de pneus mostra ser um bom negócio para o transportador, mas é preciso ser criterioso na hora de contratar empresa

Alexandre Akashi

Não faz muito tempo quase tive meu carro atingido por uma banda de rodagem de um pneu de carreta que se soltou no exato momento que eu ultrapassava o caminhão na Rodovia Castello Branco, próximo do Road Shopping, sentido interior. Fiz uma manobra brusca para desviar do pedaço de borracha que veio com tudo em direção da porta do passageiro, e amaldiçoei o caminhoneiro por utilizar pneu recapado de má qualidade.




Quando vemos pedaços de pneus soltos no meio da estrada, este é o primeiro pensamento que temos. Mas hoje descobri que nem toda banda de rodagem perdida na estrada é fruto de recapagem má feita. Tem uma parte que é de pneu novo, que nunca foi reutilizado. Ocorre que o mau uso dos pneus pode causar o descolamento da banda de rodagem, independente dele ser recapado ou novo.

Por mau uso entenda excesso de peso, e falta manutenção (calibração incorreta, alinhamento e balanceamento das rodas). O excesso de peso aliado ao descuido faz os pneus sobreaquecerem até explodir, seja ele novo ou recapado. Assim, a vantagem do transportador em levar uma ou duas toneladas a mais de carga além do limite permitido é ilusória. Pneus são o segundo maior custo operacional de uma transportadora, perde apenas para combustível.

Assim, não é à toa que muitos utilizam pneus recapados, pois o custo de uma recapagem é de apenas 30% do preço de um pneu novo, em média. Mas, apesar de a recapagem mostrar ser um bom negócio, é preciso ter critérios na hora de contratar uma empresa. Com 40 anos de mercado, a Borrachas Vipal montou ao longo do tempo uma rede autorizada de 250 reformadores, que contam com assistência técnica e comercial, para oferecer ao transportador produtos de qualidade.

Importante ressaltar que banda de rodagem é item de certificação compulsória, assim todos os reformadores de pneus devem ter os processos avaliados e estampar o selo do Inmetro nos produtos. Obrigatoriamente.

Durapol
O processo de recapagem de pneus é simples, mas trabalhoso. Visitamos a Durapol, em São Paulo, quase na divisa com São Caetano do Sul, empresa que faz parte do Grupo Dellavia Pneus. O proprietário, Samuel Delamuta, assumiu a empresa há 19 anos e desde então vem aprimorando as técnicas e tecnologias de recapagem, porém faz questão de reprovar carcaças que não considera apta para a recapagem. "Temos índice de recusa de 15% a 17% das carcaças que chegam", comenta. "Em algumas empresas a recusa é menor, mas isso impacta na qualidade do pneu depois", diz.

A Durapol trabalha apenas com transportadores, em contratos fechados, assim, quanto mais carcaças são reprovadas para recapagem, menos trabalho para a empresa. Em outras palavras, não é bom negócio para nenhuma das partes, mas é um mal necessário.

Depois de inspecionado, o pneu é lixado para retirar toda borracha da banda de rodagem. Passa por inspeções e consertos, quando necessário, e segue para a colagem da banda de rodagem. Depois é envelopado à vácuo (para que a banda não se desloque) e finalmente, vulcanizado (veja vídeo acima).

Delamuta comenta que realiza em média 3,5 mil reformas em pneus por mês na Durapol, mas tem capacidade produtiva para fazer até 5 mil caso seja necessário. A média de recapagem por pneu atualmente é de 1,4. "Tem pneu que conseguimos fazer uma, no máximo duas recapagens, como os radiais, pois são pneus que rodam 60-80 mil Km, mas nos diagonais, que estão cada vez mais raros, é possível fazer cinco ou seis recapagens, porém rodam apenas 20 mil Km por recapagem", diz Delamuta.

Sustentabilidade
O Brasil é o segundo mercado mundial de reforma de pneus, perde apenas para os Estados Unidos. Dados da Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus (ABR), indicam que anualmente são reformados mais de 8 milhões de pneus de caminhão/ônibus. Para efeito de comparação, o mercado de reposição de pneus novos é de 6 milhões de unidades/ano. Isso proporciona uma economia real ao setor em torno de 7 bilhões de reais/ano.


Além disso, a reforma de pneus reduz o consumo de recursos naturais. Em relação a um novo, cada pneu de carga reformado evita que se gaste, em média, 57 litros de petróleo durante a sua fabricação. Quanto à energia elétrica, a redução do consumo chega a 80%. 

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