Recapagem de pneus mostra ser um bom negócio para o transportador, mas é preciso ser criterioso na hora de contratar empresa
Alexandre Akashi
Não faz muito tempo quase tive meu carro atingido por uma
banda de rodagem de um pneu de carreta que se soltou no exato momento que eu
ultrapassava o caminhão na Rodovia Castello Branco, próximo do Road Shopping,
sentido interior. Fiz uma manobra brusca para desviar do pedaço de borracha que
veio com tudo em direção da porta do passageiro, e amaldiçoei o caminhoneiro
por utilizar pneu recapado de má qualidade.
Quando vemos pedaços de pneus soltos no meio da estrada, este é o primeiro pensamento que temos. Mas hoje descobri que nem toda banda de rodagem perdida na estrada é fruto de recapagem má feita. Tem uma parte que é de pneu novo, que nunca foi reutilizado. Ocorre que o mau uso dos pneus pode causar o descolamento da banda de rodagem, independente dele ser recapado ou novo.
Por mau uso entenda excesso de peso, e falta manutenção (calibração
incorreta, alinhamento e balanceamento das rodas). O excesso de peso aliado ao descuido
faz os pneus sobreaquecerem até explodir, seja ele novo ou recapado. Assim, a
vantagem do transportador em levar uma ou duas toneladas a mais de carga além
do limite permitido é ilusória. Pneus são o segundo maior custo operacional de
uma transportadora, perde apenas para combustível.
Assim, não é à toa que muitos utilizam pneus recapados,
pois o custo de uma recapagem é de apenas 30% do preço de um pneu novo, em
média. Mas, apesar de a recapagem mostrar ser um bom negócio, é preciso ter critérios
na hora de contratar uma empresa. Com 40 anos de mercado, a Borrachas Vipal
montou ao longo do tempo uma rede autorizada de 250 reformadores, que contam
com assistência técnica e comercial, para oferecer ao transportador produtos de
qualidade.
Importante ressaltar que banda de rodagem é item de
certificação compulsória, assim todos os reformadores de pneus devem ter os
processos avaliados e estampar o selo do Inmetro nos produtos. Obrigatoriamente.
Durapol
O processo de recapagem de pneus é simples, mas
trabalhoso. Visitamos a Durapol, em São Paulo, quase na divisa com São Caetano
do Sul, empresa que faz parte do Grupo Dellavia Pneus. O proprietário, Samuel
Delamuta, assumiu a empresa há 19 anos e desde então vem aprimorando as
técnicas e tecnologias de recapagem, porém faz questão de reprovar carcaças que
não considera apta para a recapagem. "Temos índice de recusa de 15% a 17%
das carcaças que chegam", comenta. "Em algumas empresas a recusa é
menor, mas isso impacta na qualidade do pneu depois", diz.
A Durapol trabalha apenas com transportadores, em
contratos fechados, assim, quanto mais carcaças são reprovadas para recapagem,
menos trabalho para a empresa. Em outras palavras, não é bom negócio para
nenhuma das partes, mas é um mal necessário.
Depois de inspecionado, o pneu é lixado para retirar toda
borracha da banda de rodagem. Passa por inspeções e consertos, quando
necessário, e segue para a colagem da banda de rodagem. Depois é envelopado à
vácuo (para que a banda não se desloque) e finalmente, vulcanizado (veja vídeo acima).
Delamuta comenta que realiza em média 3,5 mil reformas em
pneus por mês na Durapol, mas tem capacidade produtiva para fazer até 5 mil
caso seja necessário. A média de recapagem por pneu atualmente é de 1,4.
"Tem pneu que conseguimos fazer uma, no máximo duas recapagens, como os
radiais, pois são pneus que rodam 60-80 mil Km, mas nos diagonais, que estão
cada vez mais raros, é possível fazer cinco ou seis recapagens, porém rodam
apenas 20 mil Km por recapagem", diz Delamuta.
Sustentabilidade
O Brasil é o segundo mercado mundial de reforma de pneus,
perde apenas para os Estados Unidos. Dados da Associação Brasileira do Segmento
de Reforma de Pneus (ABR), indicam que anualmente são reformados mais de 8
milhões de pneus de caminhão/ônibus. Para efeito de comparação, o mercado de
reposição de pneus novos é de 6 milhões de unidades/ano. Isso proporciona uma
economia real ao setor em torno de 7 bilhões de reais/ano.
Além disso, a reforma de pneus reduz o consumo de
recursos naturais. Em relação a um novo, cada pneu de carga reformado evita que
se gaste, em média, 57 litros de petróleo durante a sua fabricação. Quanto à
energia elétrica, a redução do consumo chega a 80%.
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